A esquizofrenia é uma doença causada por alterações no funcionamento do cérebro e que traz grandes dificuldades sociais para a pessoa e para a sua família. Ela cursa com crises agudas, que se tratadas duram até um mês, e períodos de estabilidade que se apropriadamente acompanhados, duram anos. Na fase aguda dos sintomas o portador pode ter uma crença absoluta nas suas vivências delirantes e alucinatórias e agir sob comando destas alterações cerebrais fazendo coisas que em sã consciência não faria. Existem casos descritos de violência, mas estes eventos são extremamente raros. Vários estudos científicos vêm demonstrando que os portadores de esquizofrenia não são mais violentos do que a população geral. Os portadores de esquizofrenia passam a maior parte do tempo e períodos de estabilidade, quando os sintomas estão estabilizados e podem desempenhar papéis de importância na sociedade. Para tanto, é necessário que estes indivíduos estejam em tratamento regular com medicações e terapias psicossociais.
No campo dos transtornos mentais crônicos, como esquizofrenia e transtornos de humor, pesquisas têm demonstrado cada vez mais a importância do evento estressante no desencadeamento da doença, em indivíduos com predisposição genética e neurodesenvolvimental. Isso torna qualquer pessoa, portadora da combinação destes fatores, suscetível ao adoecimento, independentemente de sua categoria profissional.
As pesquisas atuais revelam que os transtornos mentais se relacionam com distúrbios dos circuitos e sistemas cerebrais, que sofrem forte influência da genética e da epigenética. O desafio, no entanto, é demonstrar como as interações entre genes, ambiente, experiência e trajetória de desenvolvimento pessoal contribuem para a formação e a função dos circuitos neurais. Por exemplo, no caso da esquizofrenia, estamos falando de uma síndrome com causas diferentes, e com raízes etiológicas compartilhadas com o transtorno afetivo bipolar. A distinção categorial entre as duas síndromes é cada vez mais imprecisa. Estamos mais próximos de um modelo dimensional, com uma ampla variação fenomenológica. Este novo olhar pode trazer subsídios para um diagnóstico mais precoce dos transtornos mentais, que na sua maioria, se iniciam na adolescência, quando o cérebro está em uma fase importante de reorganização funcional.